Ligiane Marinho de Ávila, ex-funcionária da Fundação de Desenvolvimento da Unicamp (Funcamp), está sendo procurada internacionalmente após ser acusada de desviar mais de R$ 5,3 milhões que deveriam financiar projetos científicos no Instituto de Biologia da Unicamp, com recursos da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
Segundo o Ministério Público de São Paulo, Ligiane usava uma empresa de fachada para emitir notas fiscais falsas, simulando compras de materiais e serviços laboratoriais que nunca existiram. Com isso, os gastos eram “justificados” nas prestações de contas dos projetos. Entre junho de 2023 e abril de 2024, ela também teria comprado quase R$ 100 mil em moeda estrangeira, o que levantou ainda mais suspeitas.
As investigações mostraram que, entre 2018 e 2023, a conta bancária da ex-servidora movimentou mais de R$ 6,6 milhões — um valor completamente incompatível com seu salário de cerca de R$ 8 mil. A origem dos depósitos era diretamente ligada a contas dos projetos financiados.
Em depoimento, Ligiane afirmou que os coordenadores dos projetos sabiam do esquema e que parte dos recursos era usada para cobrir despesas dos próprios pesquisadores. Ela também confessou ter criado a empresa usada para emitir as notas frias, alegando necessidade de justificar os gastos.
A Fapesp já entrou com 34 ações judiciais contra os pesquisadores responsáveis, exigindo a devolução do dinheiro. Até agora, cerca de R$ 360 mil foram recuperados. As defesas dos docentes dizem que foram eles que descobriram e denunciaram as irregularidades.
Ligiane foi demitida por justa causa em janeiro de 2024 e fugiu para a França em fevereiro. Desde então, é considerada foragida e está na lista da Interpol. O caso levanta um alerta sobre a necessidade de maior controle e fiscalização na aplicação de verbas públicas na pesquisa acadêmica.