Possível emboscada entre organizadas ocorreu na madrugada deste domingo, quando ônibus levando torcedores dos dois times se cruzaram próximo a pedágio na cidade da Grande São Paulo
Na madrugada deste domingo, uma emboscada envolvendo cerca de 150 torcedores das organizadas do Palmeiras e do Cruzeiro resultou em violência grave na rodovia Fernão Dias, na altura de Mairiporã, São Paulo. A confusão, que utilizou pedaços de madeira e fogo, deixou um torcedor morto e outros 17 feridos, conforme informaram a Polícia Civil, a Polícia Militar e a Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Segundo a PRF, o confronto ocorreu por volta das 5h20 na rodovia 65 da rodovia, no sentido Belo Horizonte. Dois ônibus de torcedores do Cruzeiro, que voltavam de uma partida contra o Athletico de Curitiba, foram atacados por membros de uma torcida organizada do Palmeiras. Um dos veículos foi incendiado, permanecendo no local fora da via, enquanto o outro teve os vidros quebrados e foi encaminhado à base da PRF para remoção. As vítimas foram socorridas por ambulâncias, com 14 levadas para o hospital Anjo Gabriel, em Mairiporã, e três para o hospital de Franco da Rocha. Os estados de saúde dos feridos não foram divulgados.
Inicialmente, a PRF informou que 20 torcedores ficaram feridos, mas, em seguida, atualizou o número para 17. Entre os feridos, um deles foi baleado no abdômen, mas não corre risco de vida.
A Vítima Fatal
O torcedor que morreu foi identificado como José Victor Miranda, de 30 anos, integrante da torcida organizada Máfia Azul, de Sete Lagoas, Minas Gerais. Ele sofreu ferimentos graves e faleceu após ser socorrido no hospital. Os pais de José Victor disseram à imprensa que ele pode ter sido atingido enquanto estava dentro do ônibus incendiado, embora essa informação ainda não tenha sido confirmada pela polícia. José Victor deixa dois irmãos e um filho de sete anos.
Histórico de Conflitos
Confrontos entre as torcidas organizadas do Palmeiras e do Cruzeiro remontam a 1988, quando um dos fundadores da Mancha Verde, Cléo Sóstenes Dantas da Silva, foi assassinado, gerando uma rivalidade que se mantém até hoje. Ao longo dos anos, os grupos mantiveram uma postura hostil, inclusive aliando-se às torcedoras de seus clubes rivais: a Mancha Verde, do Palmeiras, com a Galoucura, do Atlético-MG; e a Máfia Azul, do Cruzeiro, com a Independente, de São Paulo. Em setembro de 2022, outro conflito grave entre esses grupos na rodovia Fernão Dias, em Minas Gerais, foi confirmado em feridos a tiros, chutes e socos, destacando o histórico de violência entre as torcidas.
Repercussão e Posicionamento dos Clubes
O Cruzeiro lamentou o ocorrido, afirmando em nota oficial: “O Cruzeiro lamenta profundamente mais um episódio de violência entre torcedores, desta vez durante a madrugada, na rodovia Fernão Dias, que culminou com a morte de um cruzeirense e vários feridos. Não há mais espaço para violência no futebol, um esporte que tem paixões e multidões. precisamos dar um basta a esses atos criminosos.”
O Palmeiras também se manifestou, repudiando a violência. “A Sociedade Esportiva Palmeiras repudia as cenas de violência protagonizadas na rodovia Fernão Dias, na manhã deste domingo. O futebol não pode servir como pano de fundo para brigas e mortes. Que os fatos sejam devidamente apurados pelas autoridades competentes e os infratores, punidos com rigor”, disse o clube em comunicado. A atual presidente do Palmeiras, Leila Pereira, mantém uma postura crítica em relação às organizadas, inclusive com medidas protetivas contra alguns membros após incidentes de invasão na Academia de Futebol.
Investigação em Curso
A Secretaria de Segurança Pública informou que a Polícia Civil já iniciou uma investigação, e o boletim de ocorrência está sendo elaborado pela Delegacia de Mairiporã. A PRF e a Polícia Militar foram acionadas por testemunhas e chegaram ao local para conter o tumulto e auxiliar na remoção dos feridos.