O Brasil acaba de conquistar um marco histórico na pecuária: foi reconhecido como país livre da febre aftosa sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). O anúncio veio de Paris e representa uma conquista sanitária significativa, especialmente em um momento em que o país enfrenta desafios com a gripe aviária.

Esse novo status abre as portas para mercados internacionais mais exigentes e rentáveis, que antes estavam fechados para a carne bovina brasileira. Já houve manifestações de interesse imediato das Filipinas e Indonésia, e o Japão deve enviar uma missão técnica ao país no próximo mês. Em 2024, o Brasil exportou 2,9 milhões de toneladas de carne bovina, gerando US$ 12,9 bilhões, segundo a Abiec.

O certificado elimina a obrigatoriedade da vacinação, mas traz novas responsabilidades sanitárias. Agora, será necessário intensificar a vigilância e resposta rápida a possíveis focos da doença. Isso envolve tanto ações do governo quanto atenção redobrada dos próprios produtores.

Especialistas alertam que a febre aftosa tem disseminação rápida e alto impacto econômico. Em caso de surto, é preciso isolar a área e abater todos os animais infectados. Por isso, defendem a criação de fundos de compensação e políticas públicas de controle de animais exóticos, como o javaporco, que representam risco sanitário.

O Brasil está sem registro da doença desde 2006, quando houve focos no Paraná e Mato Grosso do Sul. Desde 2007, Santa Catarina já detém o status de estado livre sem vacinação. Agora, com o reconhecimento nacional, será necessário renegociar certificados sanitários com vários países, uma vez que as regras mudam com a nova classificação.

Apesar dos desafios, especialistas do setor, como representantes da CNA e da Abiec, consideram a conquista uma vitória estratégica para a agropecuária brasileira e uma oportunidade para fortalecer ainda mais a posição do Brasil como líder mundial nas exportações de carne bovina.