O Instituto Butantan espera há nove meses a autorização da Anvisa para iniciar os testes clínicos em humanos da vacina contra a gripe aviária do tipo A (H5N1). Desenvolvida para prevenir uma possível nova crise sanitária, a vacina já demonstrou eficácia em testes pré-clínicos e agora precisa evoluir para a fase de aplicação em voluntários.
Mesmo sem registro de transmissão entre pessoas, o vírus da gripe aviária já sofreu mutações e infectou mamíferos, aumentando o risco de contágio humano. O diretor do Butantan, Esper Kallás, afirma que a ideia é preparar um estoque estratégico da vacina, para uso emergencial caso o vírus passe a circular entre humanos.
Segundo a Anvisa, o pedido foi recebido em agosto de 2024 e está sendo analisado com prioridade. No entanto, o Butantan precisou enviar informações complementares para que a análise avançasse.
Com a liberação, o estudo clínico prevê duas doses com intervalo de 21 dias, sendo que apenas 1 em cada 7 voluntários receberá placebo. Os participantes serão monitorados por sete meses, com exames detalhados para avaliar segurança e resposta imunológica.
A influenza aviária é altamente letal em humanos, com taxa de mortalidade próxima de 50% entre os casos registrados. Ainda assim, a infecção ocorre apenas por contato direto com animais contaminados, como aves ou mamíferos. Comer carne ou ovos não representa risco.
A biomédica Mellanie Fontes-Dutra alerta que a vigilância é essencial, já que o vírus vem afetando novas espécies, como lobos e leões marinhos, com alta mortalidade. Em 2022, uma nova variante do H5N1 se espalhou entre aves e mamíferos, e recentemente chegou até vacas leiteiras, o que acendeu um alerta global.
A vacina do Butantan pode ser uma importante ferramenta para antecipar e conter uma possível pandemia.