Castigo físico infantil tem efeitos exclusivamente negativos, aponta novo estudo global

Um amplo estudo publicado na revista Nature Human Behavior revelou que o castigo físico aplicado a crianças está consistentemente associado a efeitos negativos em sua saúde, comportamento e desenvolvimento. A análise reforça que a prática — ainda comum em muitas culturas — não traz benefícios e pode causar prejuízos duradouros.

A pesquisa avaliou 195 estudos realizados entre 2002 e 2024, abrangendo 92 países de baixa e média renda, e examinou 19 possíveis consequências do castigo físico, como palmadas, tapas e sacudidelas. Os resultados mostram efeitos negativos em 16 dos 19 indicadores analisados, incluindo:

  • Relações prejudicadas entre pais e filhos

  • Problemas de saúde mental e física

  • Baixo desempenho escolar

  • Déficits nas habilidades de linguagem, motoras e socioemocionais

  • Aumento de comportamentos violentos e aprovação da violência

  • Maior propensão ao uso de substâncias e ao trabalho infantil

O autor principal do estudo, Jorge Cuartas, professor da Universidade de Nova York, destacou que os efeitos são prejudiciais independentemente do país ou da cultura, o que reforça a ideia de que o castigo físico é universalmente danoso.

“A consistência e a força dessas descobertas sugerem que o castigo físico é prejudicial a crianças e adolescentes em todo o mundo”, afirma Cuartas.

Apesar de algumas teorias defenderem que o impacto poderia variar conforme normas culturais locais, o estudo mostra que nenhum contexto justifica ou ameniza os danos causados por essas punições.

Desde 2006, a ONU recomenda a proibição global do castigo corporal infantil. Até o momento, 65 países já instituíram restrições totais ou parciais à prática. Os autores do estudo defendem que novos esforços sejam feitos para eliminar o castigo físico e promover métodos educativos mais saudáveis e respeitosos.

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