Consumo das famílias brasileiras recua em maio e revela cenário de cautela

A intenção de consumo das famílias brasileiras caiu 0,1% em maio em relação a abril, segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC). Apesar de sutil, o recuo mantém o índice em 101,5 pontos e reforça a tendência de desaceleração observada também na comparação anual, que mostrou queda de 2,1%.

O principal fator por trás desse cenário é o impacto combinado da alta da taxa Selic e da inflação persistente, que reduzem o poder de compra da população e encarecem o crédito. Isso se reflete, especialmente, na redução do consumo de bens duráveis — o subíndice que mede esse comportamento caiu 7,6% em um ano.

Para José Roberto Tadros, presidente da CNC, as famílias estão sentindo pressão no orçamento, o que dificulta a retomada de um consumo mais robusto. Mesmo com uma leve melhora no acesso ao crédito (alta de 1,4% em relação a abril), ainda há queda de 0,9% na comparação com maio de 2024.

A análise por faixa de renda revela que famílias com rendimento superior a 10 salários mínimos registraram pequeno avanço de 0,5% no mês, mas seguem com retração anual de 2,2%. A confiança no futuro também foi afetada: a perspectiva de consumo caiu 4,7% entre os mais ricos e 3,3% entre os mais pobres.

A pesquisa também apontou diferenças por gênero. A intenção de consumo caiu 2,8% entre os homens e 1,0% entre as mulheres. Apesar da retração, as mulheres se mostraram mais otimistas em relação ao futuro profissional, com aumento de 1,4% nesse indicador — sinal de maior adaptação ao cenário econômico adverso.

Os dados reforçam o momento de cautela das famílias brasileiras, em meio a um ambiente de crédito caro, inflação elevada e incertezas quanto à recuperação econômica.

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