Sete meses após o Brasil recuperar oficialmente o status de país livre da doença de Newcastle, nove países ainda mantêm embargos ao frango brasileiro — entre eles, a China, principal compradora do produto. A enfermidade, altamente contagiosa entre aves, foi detectada em julho de 2024 em uma granja no Rio Grande do Sul, mas o foco foi eliminado dias depois. Em outubro, a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) reconheceu a erradicação e a recuperação do status sanitário do país.
Apesar disso, restrições comerciais continuam. A China, por exemplo, suspendeu importações de oito frigoríficos gaúchos — como BRF e JBS — e não retomou os embarques. O Chile e a Turquia também mantêm restrições, enquanto Taiwan só aceita carne de frango que passe por tratamento térmico. Marrocos, Ucrânia, Cuba, Polinésia Francesa e Tadjiquistão também ainda bloqueiam produtos oriundos da região afetada.
A doença de Newcastle não é gripe aviária, mas provoca sintomas semelhantes, como diarreia, dores no pescoço, paralisia e morte súbita em aves não vacinadas. Embora a avaliação da OMSA tenha valor técnico, a decisão de manter ou suspender embargos cabe exclusivamente aos países importadores — e muitos optam por manter barreiras mesmo após o fim dos surtos.
Além da Newcastle, o Brasil lida com um novo desafio: um caso de gripe aviária (H5N1) identificado em maio de 2025 também no Rio Grande do Sul. O ministro da Agricultura pediu “paciência” ao Senado, explicando que o “vazio sanitário” previsto termina em 19 de junho, se nenhum novo caso surgir.
Enquanto isso, o governo brasileiro tenta convencer blocos como a União Europeia e países como a China a aceitarem a regionalização dos embargos, ou seja, que as restrições afetem apenas áreas específicas, e não todo o país.
A pressão econômica é grande. Países com embargos totais respondem por 45% das exportações de frango do Brasil. Em maio, compraram 210 mil toneladas de um total de 463 mil vendidas ao exterior. Só a China importou 562 mil toneladas em 2024, o equivalente a 10,5% de todas as vendas.