O vírus da gripe aviária, especialmente o H5N1, tem preocupado cada vez mais os cientistas. E um alerta recente reforça essa preocupação: o Brasil registrou, pela primeira vez, um foco da doença em uma granja comercial, e não apenas em aves silvestres.
Essa mudança de cenário acende um sinal de risco. Granjas têm alta concentração de aves e contato constante com humanos — o ambiente ideal para que o vírus sofra mutações e, eventualmente, se adapte para infectar pessoas com mais facilidade.
O H5N1 é um vírus Influenza A que circula principalmente entre aves. Casos em humanos são raros, mas graves: a taxa de letalidade ultrapassa 50%, segundo a OMS. A boa notícia é que, por enquanto, a transmissão entre pessoas ainda não ocorre de forma sustentada. A má notícia é que isso pode mudar.
Os vírus da gripe têm uma habilidade natural de mudar seu código genético, especialmente quando diferentes tipos infectam o mesmo hospedeiro. É o chamado “rearranjo gênico”. Foi esse processo que deu origem ao H1N1, em 2009 — uma combinação de vírus humano, suína e aviária que causou uma pandemia global.
O contato frequente com mamíferos como suínos ou gado, que podem funcionar como “ponte” entre aves e humanos, também aumenta o risco de mutações perigosas.
Segundo o professor Klinger Faíco Filho, da UNIFESP, o Brasil está relativamente bem estruturado, com sistemas de vigilância na saúde humana e animal. Mas ele defende mais integração entre as áreas, seguindo o conceito “One Health” (Saúde Única), que une saúde humana, animal e ambiental.
A população também deve saber que não há risco ao consumir frango ou ovos bem cozidos. O perigo está no contato direto com ambientes contaminados, especialmente nas criações intensivas.
Por fim, o cientista reforça: não é hora de pânico, mas sim de atenção, prevenção e preparo rápido, aprendizados que a COVID-19 nos deixou.