O Ministério Público de São Paulo entrou com uma ação contra o governo do Estado e a Fundação Santa Casa de Franca após 13 idosos ficarem cegos em um mutirão de cirurgias de catarata realizado no AME de Taquaritinga, em outubro de 2024. O promotor Ilo Wilson Marinho Gonçalves pede uma indenização de R$ 3 milhões como forma de reparação à sociedade e defende mudanças estruturais no serviço público de saúde para que o erro “não se repita”.
A investigação do MP revelou uma série de falhas graves: troca de medicamentos, descumprimento de protocolos de esterilização, mudanças informais no procedimento médico e falta de transparência com os pacientes. Um dos erros mais graves foi o uso de clorexidina — substância usada para assepsia externa — dentro do globo ocular, o que causou a Síndrome Tóxica do Segmento Anterior (TASS), resultando em inflamações severas e perda da visão.
Os pacientes relataram dor e desconforto logo após as cirurgias, mas afirmam ter sido ignorados. Médicos ouvidos pelo MP relataram que foram proibidos pela direção do AME de prestar esclarecimentos aos idosos.
A ação exige, além da indenização, um plano de reestruturação no protocolo cirúrgico, cobertura médica e psicológica para os afetados e acesso a transplantes de córnea ou próteses oculares. As cirurgias no AME estão suspensas desde fevereiro de 2025, e o MP pede que permaneçam interrompidas até a correção total das irregularidades.
A Secretaria Estadual de Saúde informou que todos os profissionais envolvidos foram afastados, os pacientes estão sendo acompanhados no HC de Ribeirão Preto, e uma nova entidade será contratada para administrar a unidade. O inquérito criminal da Polícia Civil ainda está em andamento.