Ex-prefeito de Jundiaí, Luiz Fernando Machado, em sua administração se mostrou pouco preocupado com a área esportiva – com a diminuição de eventos esportivos na cidade. E como secretário executivo de Desestatização e Parcerias de São Paulo está se metendo em assunto que não deveria palpitar: o possível “fim” do Jockey Club de São Paulo.
Na última quinta-feira, na Câmara Municipal de São Paulo ocorreu Audiência Pública promovida na última quinta-feira (22/mai) pela Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente sobre a possível desapropriação da área do Jockey Club de São Paulo, no bairro de Cidade Jardim, na capital paulista.
Na Câmara Municipal está em discussão o projeto de lei que autoriza o Poder Executivo a declarar de utilidade pública, para fins de desapropriação, a área na qual está situado o Jockey Club para implantação de um parque público.
Um dos motivos, segundo os vereadores autores da lei, é a queda na frequência do público e as dívidas tributárias do Jockey Club – especialmente IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e ISS (Imposto sobre Serviços), que estariam em torno de R$ 800 milhões.
Os interesses da administração municipal na criação de um novo parque foram corroborados por Luiz Fernando Machado, secretário executivo de Desestatização e Parcerias de São Paulo, um dos representantes do Executivo na audiência. “Equipamentos como o Jockey Club, se transformados em um uso mais presente do nosso cidadão, naturalmente vão propiciar uma melhor qualidade de vida não só para aqueles que estão no entorno, não só para aqueles que são colaboradores e servidores do Jockey, mas também para uma sociedade que é desejosa de encontrar o caminho para aquele espaço”, argumentou Luiz Fernando Machado, na audiência pública.
Jockey Club de São Paulo realiza reuniões semanais – sempre aos sábados, com 8 ou 9 páreos (corridas) em cada reunião, com cerca de 60 a 70 cavalos usando as pistas de grama e areia do Jockey.
Em cada reunião, em média, o hipódromo paulistano, registra movimento médio de meio milhão de reais (R$ 500mil), somente em apostas.
No primeiro final de semana de maio, o Jockey realizou o GP São Paulo, 4ª principal grande prêmio do turfe sul-americano. Prova com prêmio de R$ 80mil aos melhores, e movimentou sozinha R$ 169mil. No domingo do GP São Paulo, o Jockey de SP movimento R$ 1,1 milhão em apostas.
Porém a ideia da Prefeitura de São Paulo, na qual o ex-prefeito de Jundiaí defende, foi duramente crítica na audiência pública por diversos presentes, entre diretores, frequentadores e funcionários do Jockey Club.
O vice-presidente do Jockey, Vicente Renato Paolillo, contestou as dívidas cobradas pelo município. “Há um equívoco muito grande aí, porque não há liquidez de certeza nesses débitos anunciados de R$ 800 milhões. Nós temos discutido, a maior parte dos exercícios [fiscais e de impostos] ainda estão tramitando na justiça, recentemente três exercícios foram anulados, de modo que precisaríamos realmente ter muita atenção se quiser prosseguir com essa ideia”, contestou.
Jair Bala, frequentador do local há 60 anos, servidor do Jockey há 30, e comentarista da TV Jockey há duas décadas defendeu a instituição.
“Em relação ao papel social, o Jockey tem uma escola de preparação de jóqueis que manda para o mundo, fornece ao mundo profissionais de extrema categoria. Dois dos principais jóqueis do mundo foram formados na escola de aprendizes do Jockey Club de São Paulo”, destacou.
José Carlos Fragoso Pires falou dos impactos econômicos da indústria do turfe e como o Jockey Club integra esse sistema.
“O turfe existe há mais de 400 anos, está há 150 anos aqui no Brasil e o Jockey Club de São Paulo está há 150 anos promovendo continuamente corridas de cavalo. A indústria do cavalo no Brasil movimenta mais de R$ 30 bilhões por ano, mais de 600 mil empregos”, apontou.
Veterinário que presta serviços para o Jockey, Bernardo Manzani Espinha abordou aspectos ligados à formação de médicos veterinários na instituição.
“O Jockey Club de São Paulo tem um trabalho de residência, isto é, de formação de veterinários recém-formados na área de medicina veterinária equina desde 1973, ou mais, sendo 47 anos de residência na formação de veterinários recém-formados, com isso, facilitando a introdução desses profissionais no mercado de trabalho”, elogiou.
Ex-governador de Goiás, ex-senador, conselheiro do Jockey Club, e atual presidente do PSDB, Marconi Perillo informou que a instituição está trabalhando para chegar a um consenso com a Prefeitura.
“O que o Jockey Club está propondo, é um parque privado de interesse público, onde a Prefeitura de São Paulo, a municipalidade, a Câmara não desviaria um centavo sequer das outras áreas de interesse público para colocar nesse parque. Seria um parque privado, em parceria com empresas parceiras do Jockey, para que a gente pudesse ter ali um espaço público, mas construído com recursos privados”, comentou.
O conselheiro do Jockey ainda reforçou que a instituição contesta os valores da dívida com o município.
Fonte: www.esportepaulista.com.br