Brasil lidera uso de agrotóxicos na soja e acende alerta sobre impactos no campo

Mesmo sendo líder mundial na produção de soja, o Brasil acende um sinal de alerta: está usando cada vez mais agrotóxicos e fertilizantes — e em ritmo mais acelerado do que a expansão da área plantada. Um estudo do Instituto Escolhas revela que esse aumento pode comprometer tanto o meio ambiente quanto a rentabilidade da atividade no campo.

Nas últimas três décadas, a área de cultivo de soja no país saltou de 11 para 44 milhões de hectares. Porém, a produtividade não acompanhou o ritmo do uso de insumos. Em 1993, eram produzidas 23 sacas de soja com 1 kg de agrotóxico. Em 2023, esse número caiu para apenas 7. O mesmo vale para os fertilizantes: a produção por tonelada de fósforo e potássio diminuiu de 517 para 333 sacas.

O Brasil é, proporcionalmente, o país que mais usa defensivos agrícolas entre os maiores produtores de soja (EUA, China, Argentina e Índia), e só fica atrás da China no uso de fertilizantes por saca.

A busca por maior produção, especialmente diante de safras recordes como a prevista para 2024/2025 (168 milhões de toneladas), vem com um custo alto: os insumos, que representavam 30% do valor bruto da produção há dez anos, agora consomem 44%. Além disso, fatores como o dólar alto, juros elevados e crédito caro tornam a situação mais delicada.

Diante disso, cresce o interesse pelos bioinsumos — produtos naturais que utilizam microrganismos, enzimas e extratos vegetais para proteger e nutrir as lavouras. Eles reduzem os danos ambientais e podem ser mais viáveis economicamente a longo prazo. Segundo a Aprosoja Brasil, cerca de 70% dos produtores já adotam esses produtos, ao menos parcialmente.

Para o produtor Antonio Brólio, que planta em Mato Grosso, o uso de bioinsumos há sete anos trouxe ganhos em qualidade e produtividade. “O solo precisa estar vivo. Quando bem nutrido, ele resiste melhor, como um corpo saudável”, compara.

O desafio agora é ampliar o acesso e a eficiência desses insumos biológicos, garantindo produção sustentável e solo saudável para o futuro do agronegócio brasileiro.

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